Para a edição #59 do Coemergência, temos a alegria de receber a instrutora de meditação e tradutora Denise Kato. Formada em Psicologia pela PUC de São Paulo, aluna do grande professor Thich Nhat Hanh e membro da Ordem do Interser, a Denise explorou com a gente uma das imagens que seu professor usa para ensinar alguns aspectos do Dharma: a das sementes presentes na consciência armazenadora (um dos oito níveis de consciência descritos no budismo), que podem ser convidadas por nós a se manifestarem na consciência mental.
Só para dar um leve contexto em budistês e depois seguirmos a conversa de uma maneira mais coloquial, eu vou fazer uma citação rápida. No livro “A Essência dos Ensinamentos do Buda”, Thich Nhat Hanh diz: “Quando não estão manifestas, as formações mentais residem em nossa consciência armazenadora na forma de sementes: sementes de alegria, paz, compreensão, compaixão, esquecimento, ciúme, medo, desespero, e assim por diante. … Toda vez que regamos uma delas ou deixamos que uma semente seja regada por outra pessoa, aquela semente se manifesta e torna-se uma formação mental. Nós temos que ter cuidado sobre quais tipos de sementes regamos em nós e no outro.”
Assim, como em um jardim em que diferentes sementes dão origem a diferentes tipos de plantas e flores, tanto as causas da felicidade quanto as do sofrimento vêm à tona em nossas consciências (individuais e coletivas) na dependência de nossa agência. Nós temos um papel ativo no processo, não estamos impotentes. O que fazemos com o nosso corpo, nossa fala e nossa mente afeta diretamente nosso próprio bem-estar e o bem-estar de todos os seres. Manter isto em mente é uma chave importante para transformarmos o sofrimento, cultivarmos a felicidade e nutrirmos nossas relações e nossa sociedade. O Lama Padma Samten, como lembra a querida Jeanne Pilli de tempos em tempos, já falou que podemos ter um “olhar de jardineiro” na relação com os outros seres, convidando suas qualidades a se manifestarem quando elas ainda não estão visíveis, dando espaço para elas crescerem, regando, cuidando, etc. E é certamente verdade também que podemos ter um olhar de jardineiro ruim, ou olhar de agronegócio, de monocultura – mas, ao percebermos que a jardinagem pode produzir diferentes tipos de resultados, passamos a ter escolhas.
Para que esta jardinagem seja benéfica, precisamos estar presentes. Thich Nhat Hanh enfatiza muito a importância da atenção plena à respiração para que possamos estar presentes. Por isso, de tempos em tempos na conversa, a Denise nos convidará a retornarmos ao momento presente com o apoio de um sino.
Nossa aspiração é que essa conversa nutra muitas sementes positivas na mente de você que está ouvindo, e que você nutra muitas sementes positivas ao seu redor! Antes de passarmos para ela, nós agradecemos de coração a todes que sustentam nossas atividades por meio do apoia.se/coemergencia. Quem mais quiser nos apoiar, sinta-se muito bem-vindo, muito bem-vinda.
Um último aviso: nós estamos compartilhando nos stories o perfil do @projetosolidare, que está arrecadando fundos para uma campanha de cobertores em São Paulo, e vamos fazer o mesmo para outras campanhas pelo país.
Fiquem de olho também, por favor, em hashtags como #pl490não e #MarcoTemporalNão, porque é muito importante apoiarmos a preservação dos direitos dos povos indígenas do nosso país.
É isso. Pegue sua pá, seu regador e venha com a gente!
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Puro encantamento!