Tudo que percebemos como inadequação só pode existir à luz de uma norma do que seja o adequado. E há áreas da vida em que, de fato, precisamos de referenciais: na ética, por exemplo, referenciais lúcidos e maleáveis, acompanhados da atenção às situações em sua concretude, são muito úteis, e sua ausência pode ser perigosa. Mas a comparação da nossa experiência com uma “segunda coisa” pode também nos colocar em luta contra a vida como ela é, nesse momento, e produzir um senso de inadequação e de insuficiência muito injusto para seres com tanto a oferecer ao mundo, como todos, sem exceção, somos.
O episódio #71 apresenta a primeira de duas partes de uma conversa sobre o cultivo da atitude de “aceitação radical” em relação à nossa experiência, exemplificada nos domínios do corpo, das sensações, da mente e dos fenômenos. Há muito o que explorar no assunto, desde a distinção entre aceitação e passividade até as dificuldades e potencialidades de uma maior abertura à vida, e é evidente que mal arranhamos a superfície. Mas como a honestidade com nós mesmos e uns com os outros é a base de bons relacionamentos, mesmo essa abordagem exploratória pode render alguns bons frutos.
Onde quer que você esteja, qualquer que seja a sua experiência agora, que esse papo possa ser uma boa companhia para você!
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