Nós temos a alegria de receber novamente o querido Henrique Lemes para falar de um obstáculo que geralmente nos atrapalha bastante assim que começamos a querer cultivar uma relação diferente com o nosso mundo interno. Ele basicamente consiste no fato de a gente achar que esse cultivo de qualidades do nosso mundo interno não inclui totalmente aquilo que usualmente chamamos de “vida”: nosso trabalho, nossa rotina, nossas relações, as situações do cotidiano e assim por diante.
Essa visão se manifesta, por um lado, no fato de nos bagunçarmos quando o bicho pega, quando surge alguma crise ou alguma adversidade. Facilmente achamos que precisamos primeiro resolver essa situação para, então, voltar a praticar. Ou, podemos achar que algo é demais, que não é possível incluir aquilo no nosso caminho. “Quando tal coisa acontecer, quando eu resolver isso, quando essa situação passar, eu volto a olhar pras minhas emoções, volto a tentar cultivar uma felicidade mais genuína, volto a cultivar estabilidade, compaixão, sabedoria. Mas, agora, preciso resolver isso aqui.”.
Por outro lado, também podemos deixar esse cultivo e qualquer prática de lado assim que as coisas parecerem andar um jeito melhor; podemos ter a sensação de que isso tudo não é tão necessário. Vamos simplesmente seguindo aquilo que está agradável e pronto. Prática? Caminho? Quê?
Mas, se não praticamos quando estamos mal e não praticarmos quando estamos bem, quando, então, vamos praticar?
É exatamente nesse ponto que tocamos ao longo de toda a conversa com o Henrique, inspirados pelo texto “Transformando Felicidade e Adversidade em Caminho Espiritual”, do mestre budista Dodrupchen Jigme Tenpe Nyima. O texto parece realmente um manual para conseguirmos incluir qualquer coisa que aconteça no nosso trabalho com nosso mundo interno.
Esse texto faz parte do livro “Meditação, Transformação e Ioga dos Sonhos”, último lançamento da Bodisatva, projeto colaborativo e sem fins lucrativos que busca traduzir e difundir conteúdos de sabedoria de linhagens autênticas do Budismo em língua portuguesa, e também publicar textos produzidos por mestres e praticantes budistas brasileiros. O Henrique foi um dos tradutores desse livro, juntamente com o Lama Padma Samten, a Jeanne Pilli e o Marcelo Nicolodi.
Esperamos que vocês desfrutem muito da conversa, assim como nós desfrutamos! E que ela deixe lembretes para realmente aproveitarmos todos os momentos, sejam de adversidade ou felicidade, como parte do nosso caminho em busca de um bem-estar menos dependente, mais livre.
Como sempre, deixamos nosso profundo agradecimento aos generosos seres humanos que seguem nos apoiando por meio do nosso Apoia.se (www.apoia.se/coemergencia).
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